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Pelcor - Sandra Correia

Uma atitude inovadora num negócio antigo. A aposta na diferença.

A história da marca Pelcor e de Sandra Correia é já sobejamente conhecida: nada e criada no Algarve, mais concretamente em São Brás de Alportel, um dos grandes centros corticeiros do país, onde o seu pai, o empresário César Correia,  geria a empresa familiar Novacortiça, especializada no fabrico de discos de cortiça natural para  rolhas de champanhe, decide vir estudar para Lisboa por não querer seguir o destino da maioria das raparigas de então: casar e engravidar aos 18 anos. Licencia-se em Comunicação Empresarial, vai fazendo os vários estágios que o curso impunha, ainda chega a trabalhar numa seguradora, não gosta e, em meados dos anos 90, decide-se por “voltar à terra” para colocar em prática tudo aquilo que aprendera na empresa da família, sobretudo no que diz respeito à gestão da comunicação e marketing, competências então completamente inexistentes numa indústria não só tradicionalmente masculina como totalmente focada na produção de rolhas e derivados.

Aprender a transformar um problema numa nova oportunidade de negócio.

Como não tinha experiência, Sandra pediu ao Pai (“O meu grande mentor que sempre me apoiou e incentivou a seguir as minhas ideias”) para ficar a ganhar “o menos possível” e dedicou-se a implementar os seus novos conhecimentos enquanto aprendia  a trabalhar com a maquinaria e a matéria-prima. A Pelcor surge apenas uns anos mais tarde, enquanto solução para um problema que acabou por se transformar numa fantástica oportunidade de negócio: porque não aproveitar o  excesso de matéria-prima que enchia os armazéns (a procura de champanhe durante a passagem de milénio fora muito inferior ao previsto), para fazer outros objetos em cortiça que não as tradicionais carteiras e malas  artesanais de gosto duvidoso que proliferavam pelas lojas turísticas do very typical  português?

E assim surgiu o guarda–chuva em pele de cortiça (“Porque era muito mais difícil de fazer...”), um protótipo inicial que, em setembro de 2002, levou a uma feira que decorria em Almeria, no âmbito do XIII Congresso de Ibero Americano de Mulheres  Empresárias e que não só surpreendeu como encantou  quem o viu, transformando-se rapidamente no ícone da marca.

A estratégia de crescimento da Pelcor: um desafio inesperado?

“Sim – pensei eu -  se o guarda-chuva fez tanto sucesso, porque não desenvolver uma linha premium de acessórios de moda inovadores e que respondesse às crescentes exigências impostas pelo mercado global em termos de design?”

Uma vez mais, o Pai acreditou na sua intuição e desafiou-a  a transformar a marca Pelcor na sua própria empresa para aprender “a crescer” sozinha.  Com um capital social de 5000 euros e  investimento inicial de 100 mil euros obtidos através de financiamento bancário, Sandra Correia começa a comprar matéria-prima à Novacortiça, subcontrata fornecedores em todo o país para lhe produzirem os artigos e vai recorrendo a amigos e conhecidos para lhe fazerem todo o trabalho de marketing, ainda muito rudimentar, a preços  possíveis.

A Pelcor  é apresentada à imprensa em maio de 2003, num evento já organizado por um gabinete de relações públicas e onde Sandra Correia dá a conhecer não só  as várias peças da coleção, como o catálogo, o website e a loja online.  Apesar de todos os custos fixos  serem rigorosamente controlados, em julho, vê-se obrigada a fazer o primeiro grande investimento da empresa  para poder participar na Feira Internacional de Artesanato (FIA), investimento esse que, felizmente, dá os seus frutos: contato puxa contato, que puxa convite, que puxa clientes. A Pelcor passa a ser notícia e as encomendas começam a chegar tanto para o mercado interno como externo,  fechando o ano com 80 mil euros de faturação.  E, como faz questão de frisar, “sem qualquer business plan ou estudo de mercado, apenas confiando na minha intuição.”

Apesar do arranque promissor, nos anos seguintes nem tudo foi fácil, muito pelo contrário. Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas?

“Tínhamos bastante notoriedade mas faltava-nos mais rentabilidade,  um ou dois grandes clientes que nos dessem um volume de vendas constante. É certo que nunca duvidei do projeto ou pensei em desistir mas....meditei, meditei muitas vezes: parei para pensar, para tentar vislumbrar outras perspectivas, para fazer brain stormings, para ouvir e “bater bolas” com quem tinha mais experiência do que eu no mundo dos negócios”.

Ainda assim, o break-even só acontece em 2010, ano de turning point para a Pelcor, pois foi quando as suas peças passaram a poder ser compradas na design store do MoMA (The Museum of Modern Art ) e o guarda-chuva Pelcor apareceu publicitado em vários outdoors de Nova Iorque.

Qual o passo decisivo? A internacionalização?

“Sim, sem dúvida. Com o recurso aos fundos do QREN que comparticipam 45% das despesas, avancei definitivamente para internacionalização: investi no rebranding integral da marca feito pela BBDO, contratei a Eduarda Abbondanza como designer, abri uma loja num local de referência, a baixa lisboeta, recorri a três diferentes gabinetes de relações públicas para comunicarem a marca aos media tanto na Europa e em Portugal como nos EUA, e preparei toda a logística necessária para poder começar a distribuir os produtos Pelcor nos diferentes estados americanos, um processo complexo e que exigiu muito investimento em branding local.”

Preparando o futuro...

Em 2012, a Pelcor já fechou o ano com 600 mil euros de faturação e apesar de contar com uma equipa relativamente pequena – apenas 12 pessoas – que se distribuem pela loja e o escritório de Lisboa e a fábrica em São Brás de Alportel, Sandra Correia está já a preparar a entrada nos Emiratos Árabes Unidos, através da abertura de uma loja própria no Dubai e da  implementação de uma rede de franchising.  Para evitar as tão temidas “crises de tesouraria”, o pior pesadelo de qualquer empresa, sobretudo das mais pequenas e arrojadas, explica que a Pelcor recebe sempre à cabeça ou contra entrega: “Quem nos compra, paga. A linha mais premium só está disponível por encomenda, os clientes pagam 30% com a adjudicação e o restante contra entrega. A linha básica, que tenho sempre em stock, é total e obrigatoriamente paga na entrega das peças.”

...e vivendo o presente.

Hoje, a Pelcor regressou ao universo da Novacortiça e depois de palmilhado o seu próprio caminho, Sandra Correia substituiu o Pai na liderança da empresa familiar. Ao longo destes dez anos, somou prémios pessoais e empresariais (em 2011, prémio Melhor Empresária da Europa atribuído pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu das Mulheres Empresárias, entre muitos outros), a marca representou  Portugal inúmeras vezes em eventos internacionais, criou peças personalizadas para as mais diversas personalidades  (Barack Obama, Hillary Clinton, Angela Merkel ou Madonna), mas Sandra Correia continuou sempre a apostar não só na sua própria formação  - é mestre em Ciências Económicas pela Universidade de Huelva – como na dos seus colaboradores, exigindo sempre mais e melhor.  Embora viva em Vilamoura, quando não está a viajar para “dar a cara pelo seu negócio”, uma máxima que considera essencial para o sucesso da empresa, alterna o seu tempo entre São Brás de Alportel e Lisboa.

Conselhos a dar a quem está a pensar em empreender?

“Acreditarem naquilo que se propõem fazer, serem determinados, resilientes aos obstáculos, positivos quando as coisas não correm de feição e, sobretudo, controlarem todas as fases do negócio – investimento, custos, produção, qualidade, fornecedores, comunicação...tudo conta.”

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